Um número cada vez maior de empresas tem buscado adquirir certificados de energia renovável, os chamados RECs, como forma de reforçar seu comprometimento com políticas sustentáveis. Em 2019, o Brasil emitiu pouco mais de 2 milhões desses certificados, quase seis vezes mais que o verificado em 2018. E, para 2020, a expectativa é de duplicar o volume recorde do ano passado, afirma Celina Almeida, diretora do Instituto Totum, que é o emissor local dos RECs.
A escalada recente da demanda, explica a executiva, está associada à aplicação dos RECs no cumprimento de metas de sustentabilidade, ou como relato de resultados socioambientais. Um exemplo é o Protocolo GHG, ferramenta de contabilização de emissões de gases do efeito estufa – empresas detentoras dos certificados podem reportar emissões zero na categoria “consumo de energia” nessa plataforma.
Os RECs são uma forma de “rastrear” a energia renovável do ponto de geração até o consumidor final. Cada certificado adquirido comprova que 1 megawatt-hora (MWh) foi injetado no sistema elétrico a partir de uma fonte de geração de energia renovável.
“Acredito que esse mercado está num período de transição no Brasil. Nossa expectativa é de pelo menos duplicar a alta das emissões que tivemos em 2019”, diz a diretora do Instituto Totum. Entre as razões para essa aposta, ela cita a adoção definitiva dos certificados em plataformas como o Protocolo GHG, além do crescente interesse “voluntário” pelas fontes renováveis, sinalizando uma mudança de comportamento energético por parte das empresas.
O Brasil integra a plataforma International REC Standard (I-REC), que possibilita o comércio dos certificados. Esse sistema é adotado em outros países da América Latina, como México, Colômbia, Chile e Costa Rica, e em grandes mercados de energia, entre eles o da China, Índia e Israel. Já a Europa e a América do Norte possuem sistemas próprios para os certificados, que dão suporte às políticas públicas locais de energia renovável.
Entre os 23 países do International REC Standard, o Brasil registra o segundo maior volume de certificados emitidos. Em primeiro lugar está a China, que negociou mais de 8 milhões desses documentos no ano passado. Lá, o mercado de energia limpa é impulsionado pela necessidade de redução das emissões de gases estufa, já que o gigante asiático é um dos principais poluidores do mundo.
Já na comparação das quantidades de usinas certificadas, o Brasil lidera o ranking do International REC Standard. Até setembro de 2019, a plataforma registrava 106 empreendimentos rastreados no país, mais do que dobrando em relação a 2018. No total, esses projetos somam uma potência de cerca de 7.000 MW, equivalente a meia Usina Hidrelétrica de Itaipu. China e Índia, segundo e terceiro colocados no ranking, têm, respectivamente, 80 e 37 usinas que atendem os requisitos do padrão global de compra de energia renovável.
Fonte: Valor Econômico
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